quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Danço...

  

DANÇO...

Dançar, danço sempre
contigo ou semtigo
a vida me ensinou...

Num rítmo suave ou louco
vou dançando...vou vivendo
e morrendo a cada instante
devagar...
.
Morte lenta, de cisne
num balé imprevisível
.
sem pressa de partir
sem ânsia de chegar.



Irene Duarte Iduarth

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A fantasia...



A fantasia
veio da astrologia
determinando que somos iguais
no direito e no avesso
uma miragem
que gosto de contemplar.

Iduarth

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Quando Vier a Primavera




 
Alberto Caeiro
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
 
Quando Vier a Primavera 
.
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Tema(s): Morte  Natureza 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Fogo de Palha


Só fogo de palha:
Queimou desesperadamente
Incendiando todo encontro ao acaso
E o que restou:
Um punhado de cinzas
Que o vento não conseguiu arrastar
Pois intensa, mas efêmera
Foi também sua presença.


Fogo de Palha
Irene Duarte